O capitalismo domesticou a civilização ocidental a demonstrar afeto temporal. Existem épocas para a demonstração de carinho explícito para figuras chaves de nossas culturas. Onde, invariavelmente, as agraciadas com bens materiais de alto valor monetário são objetos de admiração ou inveja. E quem as presenteia, alvo de cobiça ou respeito.
Tais figuras como Mãe, Pai, Namorados, Natal, Páscoa e as de primeira grandeza são alvos de super exposição nos grandes meios de comunicação. Vendem, empregam, movimentam a economia, criam uma aura de prosperidade, mesmo que vazia, e entorpecem qualquer discussão mais densa sobre seus efeitos na humanidade. Mas já reparou que não se comemora efusivamente o dia dos Avós? E os dos tios? E tem cada tio fora de série por aí…
A velha crença de que só a mãe é insubstituível provavelmente nasceu em algum ranking de dias de maior vendagem. É fato que ela provê e transporta toda responsabilidade de uma vida em seu corpo e sua alma. Mas se a mãe é insubstituível ao nascer, pois que o pai é insubstituível na estrada. Indiferente se de terra batida ou pista dupla, a base está ali. Por todo lado.
Constatar que não nos regemos por estas “crenças mercantis” é fácil. Veja quantas mãe-pais e pais—mães na sociedade. O engessamento está na idéia de que somente nestes dias devemos nos relacionarmos com maior contato com eles. A evolução está na demonstração diária, para qualquer um, independente de pronomes de tratamento.
A mãe cria as asas. O pai dá o pé na bunda.