Sina brasileira

 Posted by at 8:52 am  Artigos, T.I.
maio 222011
 

Ter conduta séria no Brasil é um contra-senso. Pois você nasce em um país onde a principal rede de televisão é criminosa e a maioria dos veículos impressos são comprados pela conveniência publicitária. Toda defesa do jornalismo se resume a luta de uma classe desesperada em manter uma reserva de mercado e não na publicação dos fatos verdadeiros. Os representantes públicos são tomados por ‘corruptos de natureza’ e um trabalho de transparência em órgãos públicos prova que isso é a regra. Todos os malfeitos são justificáveis quanto atingem alguém popular e no Judiciário a vestimenta dos juízes é preta, porque se branca fosse, viveria encardida.

No fim das contas o povo, depois de tanto trabalhar, prefere mesmo é cerveja, futebol e novela. Porque a religião virou empresa, o roubo pelos bancos virou piada e já que o perdão é para todo mundo, a consciência pesada não incomoda enquanto o pão estiver garantido.

Deus é brasileiro. O filho é pródigo.

 

mar 162011
 

Entrou 2011 e o mundo está do avesso. Opções bairristas de revoluções – sérias ou não – patrocinadas por cem números de lados, de acordo com os interesses de cada um. E ainda tentam passar contextos pela TV e jornais que, hoje em dia, são derrubados a cada momento pela internet. Não acredita? Na primeira semana do conflito na Líbia, qual ideia havia sobre o poder do governo líbio? Parecia uma questão de dias sua queda… Continue reading »

Valor

 Posted by at 4:28 pm  Artigos, T.I.
ago 252010
 

por Marcelo Dias (marcelodias@inconfidenciaribeirao.com)

O valor pelo trabalho varia por diferentes características. Mas no geral se destacam as profissões com melhores salários. Médicos, advogados e engenheiros foram tripés tradicionais do século passado. Que família não prezou por um doutor em sua árvore genealógica?

Essa cultura já destruiu carreiras brilhantes de atores, cantores, escritores e muitas outras deixadas no caminho da necessidade financeira. Sempre atreladas à figura de ‘desocupados’ ou ‘sonhadores’. “Isso é ideologia, meu filho”, diriam os pais.  Até no campo sentimental muita gente já ouviu a famosa frase “primeiro o arroz, o amor vem depois”. Ou seja, você é livre para fazer o que quiser, mas case-se com alguém rico e/ou escolha uma profissão rentável. Ideologia? É coisa de vagabundo, para os fracos.

Mas e quem “cuida” do pato? De certa forma uma comunidade pode sobreviver sem um cantor profissional ou um escritor de romances. Mas e o caminhoneiro? O porteiro? E o lixeiro? Impossível. São essenciais, básicos e imprescindíveis. Você poderia sobreviver sem as profissões que provavelmente mais admira. Dependendo da situação, basta um dia sem um dos acima citados e a sociedade viraria um caos.

Perguntar não ofende – Como se define valor mesmo?

abr 222010
 

Alguém quer exemplo melhor de jornalista que o Forrest? O cara simplesmente corre o mundo atrás de histórias e volta para o seu povo para contá-las.

Mais impressionante é a neutralidade quase robótica com que ele conta as histórias. Ele não precisou ser um ávido agente de mudança social. Eu mesmo já acreditei demais da conta nesse triste conceito de que jornalista tem de ser o cidadão que vai esclarecer as mentes, que vai descobrir o que está lá no fundo e trazer à tona. Isso NUNCA acaba bem. O jornalista se auto proclama rei da realidade em que vive. O resultado disso é a indústria manipulativa que se tornou o que eles ainda insistem em chamar de “jornalismo”. São mega corporações agindo como motores de mudança social, não diferente de qualquer jornal de bairro que pretenda o mesmo. Dos dois, a diferença é só o poder de alcance do que é dito.

A realidade propriamente dita já é o motor propulsor das mudanças. Se eu, e 99,99% dos jornalistas, colocássemos mais os pés na rua atrás das histórias (e não com uma pauta pasteurizada em mãos), talvez com o simples fato de mostrarmos as histórias (com o menor nível de subjetividade possível), elas sozinhas já se tornariam o motor propulsor de mudança propriamente dito.

Para quem talvez ainda não tenha percebido, o instigante do Forrest não era a forma como ele contava a história, mas sim a história propriamente dita. Eram histórias que não precisavam ser um cretinismo de autoajuda ou um discurso apaixonado. Era simplesmente a história sustentada por si só, uma vez que ele estava lá para vê-la acontecer. A riqueza de detalhes da testemunha ocular é quase invencível contra qualquer nariz de cera* bem formulado.

O  intuito deste artigo não é querer falar em “imparcialidade”. Não acredito nesse tipo de absoluto. A intenção mesmo é que ao menos um cidadão que leia isso reflita, nem que por alguns segundos. Não devo dizer “ninguém mudará lendo este artigo”, pois a sua pessoa é o conjunto de experiências vividas desde a sua fase de feto até o momento em que lê estas linhas. Apenas reflita mais e pense por si próprio. Não deixe que façam isso por você. Ninguém, principalmente os jornalistas.

* “nariz de cera” é uma expressão usada no jornalismo para designar o que, no popular, chamam de “enchimento de linguiça”; preenchimento desnecessário para dar volume.