Afinal, o que o Obama veio fazer no Brasil? (pergunta repetida incessantemente no inconsciente coletivo brasileiro)
O Monge acredita que a visita do senhor presidente pop dos EUA, Barack Obama, foi repleta de boas intenções. Boa intenção de tomar uma caipirinha, comer uma picanha, assistir a rodas de capoeira, visitar o Cristo Redentor… Afinal, turismo é sempre bem intencionado, não é?
No xadrez da geopolítica internacional, a visita ao Brasil foi mais do que estratégica. Primeiro, pelos afagos americanos ao povo brasileiro, que tanto admira quanto protesta contra o presidente Obama. O Brasil é diversificado também politicamente, ao contrário do que dizem por aí, que somos apenas massa de manobra. Às vezes sim, é verdade. Mas gostamos de fazer nosso próprio barulho de vez em quando. Resta saber se à rasgação de seda pessoal do Mr. President seguirá uma política econômica que reflita tal admiração pelo Brasil.
O segundo fator importante da visita do Obama é, como não poderia deixar de ser quando se trata dos EUA, belicoso. Pronunciar-se sobre a ofensiva militar na Líbia, enquanto visita um país que se absteve da votação sobre o ataque na ONU, soa como algo entre provocação e tiração de sarro. É bom não se enganar pelo sorriso carismático, pela boa pinta e pela atmosfera de “mudança” (“Change”) que o acompanha: Obama ainda é o líder da nação auto intitulada a mais poderosa do mundo, sempre pronta a qualquer combate pela “defesa” da democracia ( a qual que eles pensam deter o monopólio ideológico). A estrela de “xerife do mundo” está lá, ofuscada por um discurso amigável.
O Brasil, convenientemente, esperou a família Obama ir embora para condenar os ataques e as baixas civis. Em termos de malandragem, o presidente pop tem muito a aprender com a gente.
*”Sim, nós bombardeamos”, em alusão ao slogan da campanha de Obama “yes, we can” (“sim, nós podemos”).