O capitalismo domesticou a civilização ocidental a demonstrar afeto temporal. Existem épocas para a demonstração de carinho explícito para figuras chaves de nossas culturas. Onde, invariavelmente, as agraciadas com bens materiais de alto valor monetário são objetos de admiração ou inveja. E quem as presenteia, alvo de cobiça ou respeito.
Tais figuras como Mãe, Pai, Namorados, Natal, Páscoa e as de primeira grandeza são alvos de super exposição nos grandes meios de comunicação. Vendem, empregam, movimentam a economia, criam uma aura de prosperidade, mesmo que vazia, e entorpecem qualquer discussão mais densa sobre seus efeitos na humanidade. Mas já reparou que não se comemora efusivamente o dia dos Avós? E os dos tios? E tem cada tio fora de série por aí…
A velha crença de que só a mãe é insubstituível provavelmente nasceu em algum ranking de dias de maior vendagem. É fato que ela provê e transporta toda responsabilidade de uma vida em seu corpo e sua alma. Mas se a mãe é insubstituível ao nascer, pois que o pai é insubstituível na estrada. Indiferente se de terra batida ou pista dupla, a base está ali. Por todo lado.
Constatar que não nos regemos por estas “crenças mercantis” é fácil. Veja quantas mãe-pais e pais—mães na sociedade. O engessamento está na idéia de que somente nestes dias devemos nos relacionarmos com maior contato com eles. A evolução está na demonstração diária, para qualquer um, independente de pronomes de tratamento.
A mãe cria as asas. O pai dá o pé na bunda.
Moviola Textual
por Alexandre Carlomagno (alexyubari@yahoo.com.br)
O peão simboliza a lucidez. Seu giro contínuo, sem vacilar, demonstra que a realidade não se concretizou e o mundo dos sonhos ainda cerca Cobb, protagonista de A Origem vivido por Leonardo DiCaprio. Esta inofensiva ferramenta mantém a sanidade do personagem no seu devido lugar. Mas, ao contrário do que acontece com este tão importante aparato, para que nós não nos desliguemos do filme, o diretor Christopher Nolan deve nos manter em constante movimento diante a avalanche de ideias conceituais que despencam sobre a tela. Trabalho árduo, com certeza, porém, através do dinamismo seqüencial da ação e a montagem excepcional, ele consegue prender nossa atenção – o problema está no texto.
Escrito pelo próprio diretor, que dessa vez não teve auxílio do seu irmão Jonathan Nolan (ao menos não pelo o que consta nos créditos), A Origem explana sua trama em terrenos já explorados: o “filme de assalto”. Mas Nolan vem para subverter alguns elementos. Cobb (DiCaprio) é um extrator. Ele invade a mente das pessoas durante o sono, no momento em que elas estão mais vulneráveis, e rouba seus segredos. Impedido de voltar para os EUA, à sua família, ele resolve aceitar um último trabalho que pode lhe proporcionar esse retorno. Ao invés de remover, dessa vez ele precisará inserir uma ideia na cabeça de alguém. Para tanto, ele reúne uma equipe formada por seu habitual parceiro, Arthur (Joseph Gordon-Levitt); uma arquiteta, Ariadne (Ellen Page), cuja tarefa consiste em construir o mundo dos sonhos e mantê-lo funcionando de acordo com o planejado; um falsificador, Eames (Tom Hardy), que “encarna” figuras familiares à presa de modo que possam se aproximar e, assim, arrancar as informações necessárias; e Yusuf (Dileep Rao), que providencia o sedativo para manter os “sonhadores” em estado de sono profundo.
Como acontece num filme de Christopher Nolan – com exceção de Batman Begins (2005) e O Cavaleiro das Trevas (2008) -, a ação está nas palavras. Caso você queira compreender aquele universo em sua totalidade, é necessário dedicar completa atenção aos diálogos – uma dica preciosa: aqui, se possível, fique sem piscar. Em A Origem, o universo estabelecido em prol do entretenimento, enganchado por uma galáxia de elementos conceituais, com alguns poucos auto explicativos, acaba se tornando superfluamente vasto e ligeiramente áspero para que nossa compreensão flua ao lado da narrativa. Em ordem de conter as possibilidades do sonho dentro de uma estrutura coesa e palpável o bastante, um novelo de exposições se faz necessário. Um sonho dentro de outro sonho? Realidades alternativas? A partir do que se estabelece a arquitetura onírica? Como o “chute” – peça-chave para que os “sonhadores” voltem dos sonhos – deve funcionar em diferentes níveis? De que maneira se dá a estabilidade a um sonho? As memórias afetivas do subconsciente interferem dentro daquele universo? O sistema de defesa do subconsciente, as “projeções”, são sistematizadas de que forma? Como a realidade afeta a missão dentro de um sono?
Não me entendam mal: A Origem não é um filme confuso. As questões acima são devidamente respondidas. Mas ao passo que tais pontos de interrogação se esclarecem, você precisa, ainda, acompanhar a jornada dramática de Cobb – primordial para toda a história. Ou seja, o empecilho não se forma pela impossibilidade de compreendermos os desafios intelectuais que Nolan nos entrega, já que é possível elucidar seus questionamentos. Mas é a abundância de levantamentos narrativos que culmina em um transtorno desnecessário para o espectador. Ao invés de mergulharmos no filme, e consequentemente apreciarmos seus elementos dramáticos, o ininterrupto questionário nos mantém na superfície, emocionalmente distantes para que possamos entender tudo o que acontece. Tanto é que, num determinado ponto da narrativa, a nossa percepção se embaralha e não sabemos mais em qual subconsciente os personagens estão navegando, ainda que, com um pouco de esforço, no momento seguinte tudo volta ao normal.
Além do mais, quando é possível respirar, refletir, e atingir o cerne de da história, tudo acaba se tornando excessivamente banal, por incrível que pareça. A motivação que leva à implantação da ideia carece do mínimo de criatividade, principalmente se levarmos em consideração as conseqüências que ela acarreta. O diferencial, nesse caso, se faz presente pela linha narrativa perpetrada pelo casal Cobb e Mal (Marion Cotillard). Muito mais instigante e dramaticamente eficiente, além de abordar em seu contexto toda a ideia de manipulação dos sonhos, o amor entre ambos revela-se melancólico e trágico – uma pena, porém, que, mais uma vez, a narrativa nos afaste dessas emoções, tornando-as frias e incapazes de nos comover.
Mas se por um lado a diretriz emocional apresenta falhas, o mesmo não pode ser dito da ação. Seja através da movimentação verbal ou corporal – ainda que a primeira prevaleça -, Nolan aplica uma dinâmica invejável através de uma montagem ágil e a constante inserção de músicas, eliminando qualquer possibilidade de alguma cena cair no enfadonho. E caso alguém continue duvidando de sua competência no comando de sequências de ação, gostaria de ver este alguém conseguindo respirar durante o clímax, que deve durar, no mínimo, 30 minutos. E se ainda assim a dúvida prevalecer, então preste atenção, dentro desse momento catártico, na sequência de briga no corredor de hotel – uma versão estendida, digamos assim, de Fred Astaire em Núpcias Reais (1951), só que com socos, pontapés e a tensão elevada ao máximo.
Independente de suas deficiências, A Origem consegue estabelecer uma diversão que é facilmente alçada acima do nível médio das produções atuais – quanto a isso não há dúvida. Mas é inegável, também, que a experiência poderia ser mais satisfatória caso Nolan mirasse sua caneta aos pontos mais contundentes e relevantes na hora de escrever o roteiro. E ao final, caso você não saiba interpretar a resolução dada à trama, mesmo que ela seja ambígua, não se culpe. Tome por base a ideia de que, para o diretor, nós somos o peão que ele colocou a girar, porém, infelizmente, o tombo para qualquer lado tornou-se inevitável, e assim a realidade revela-se menos impactante do que realmente deveria ser.
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