Se sabe tudo me diz, por que quem a gente ama tem que morrer? (Hélio “Zitto” Sbroion Rocha)
Meu querido Zitto, as pessoas tem que ir em algum momento. Faz parte do ciclo. Temos começo, meio e fim, como tudo na natureza e no universo. Reles mortais é o que somos. Frágeis. Suscetíveis. Nosso “rolê” acaba algum dia, muitas vezes de maneira brusca. E mesmo quando isto ocorre no fim natural do ciclo, quando o corpo já está fraco e a missão está cumprida, quem fica sempre terá a sensação de que foi algo abrupto. De que algo foi tirado de nós, e nunca mais irá voltar. De fato, as pessoas queridas nos deixam para não regressar. Saberemos delas somente quando trilharmos o mesmo caminho.
Vivemos questionando o mundo que nos cerca, na esperança de encontrarmos pistas para aquelas perguntas que nos angustiam: de onde viemos, qual a razão de estarmos aqui, para onde vamos depois. Curioso como em uma existência cercada de dúvidas, a única certeza é de que nossa vida irá encerrar-se algum dia. É como ter uma viagem marcada na qual você pode ser chamado para embarcar a qualquer momento, mesmo que demore anos e anos. Você sabe que ela irá ocorrer de qualquer forma, mas desconhece completamente a rota e o destino. Um efeito surpresa inescapável.
No entanto, todos que se vão deixam algo para trás. E isto não é necessariamente ruim. Pelo contrário, é nosso legado. Não é fácil compreendê-lo, pois ele está além do luto e da tristeza. Mas ele permanece vivo, ao redor e no interior daqueles que ficaram. Estes mesmos são parte deste legado, pois são constituídos de valores, dores e amores. Coisas que compartilhamos com as pessoas que realmente nos importam, inclusive com aquelas que estão por vir.