maio 272010
 

O que pensa a respeito da esperança (em qualquer situação)? Julga ser uma maldição, como diz o Nietzsche ou acha que ela é necessária? (Jônatas Mesquita)

Como diz o ditado antigo, “a esperança é a última que morre”. Isto quer dizer que ela sempre estará lá, quer você queira ou não. Resistente como uma barata que tomou várias chineladas e continua lá, firme. Não adianta abrir mão dela. Nietzsche dizia que a esperança é o único mal que não escapou do vaso de Pandora. Por isso os homens tendem a pensar que ela é algo bom, porque ficou sozinha dentro do vaso, que era incrivelmente belo e sedutor. A esperança seria na verdade o pior dos males, por prolongar o sofrimento dos homens.

Bom, Nietzsche não era lá um cara muito feliz, não é de se estranhar que não vivesse de amores com o otimismo. Porém, conceituar a esperança como o pior dos males é decretar o seu fim enquanto salvação e redenção dos homens. É definir a civilização contemporânea como um caminho sem volta para o abismo, no qual tudo só tende a piorar. Pois se a maior força motriz da sociedade – a esperança de que os planos deem certo, de que o infortúnio não nos alcance, que a morte seja só uma passagem etc. – é tido como algo ruim, muito pouco nos sobra para seguir em frente.

Mas e a esperança nos dias de hoje, especialmente no Brasil?  Somos um povo que entende como ninguém da arte de tomar paulada. E mesmo assim é otimista, é sonhador. De “Deus é brasileiro” ao sonho do hexa, a esperança de um futuro melhor parece arraigada no dia a dia do brasileiro. E olha que isso vem se tornando cada vez mais raro hoje em dia. A esperança aos poucos está morrendo. E o que mata a esperança, ao contrário de alguns discursos políticos que se vê por aí, não é o medo: é a indiferença.

O mundo segue adiante, cada vez mais rápido, e a gente não mais o acompanha. As distancias geográficas diminuem, e as emocionais aumentam. A esperança pode as vezes constituir-se em uma fé cega, mas ela sempre nos diz que há mais coisas pela frente. Estamos tão arraigados no “agora”, no mundo maravilhoso que construímos para nós mesmos, que vamos nos tornando insensíveis aos apelos da esperança. Creio que nem Nietzsche esperava por isso.

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