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Qual a sua opinião sobre as manifestações dos professores do Estado de São Paulo? (Claudia Carnevskis)
Justo. Muito justo. A manifestação e a greve de classe são recursos básicos da democracia, que chamam a atenção não só dos patrões, mas também do resto da sociedade. Ainda mais se tratando de um contexto tão espinhoso como o ensino público.
Bem, a minha querida amiga Claudia perguntou qual é a minha opinião, então me sinto na obrigação de esclarecer uma coisinha: o Monge não possui formação sindical, trabalhista, esquerdista ou direitista em qualquer sentido. Isto não impede que esta modesta opinião seja dotada de senso crítico, que eu considero ter sido esquecido – ou deturpado – em algum recanto da história do país. Porque parece que o senso crítico virou um monopólio das ideologias, conceituado de acordo com a linha de pensamento de determinados grupos. Exemplo prático: se o Monge dissesse que é contrário à greve e às manifestações, logo seria considerado partidário de um grupo político A. Porém, a partir do momento em que demonstrei uma opinião favorável a este contexto, muitos vão considerar que eu então sigo a linha do grupo B. Há os grupos C, D e E da vida, mas ultimamente a política nacional anda polarizada entre A e B, inevitavelmente. O que é uma pena.
A educação pública do país vai mal, e está pior ainda no Estado de São Paulo. O sucateamento do ensino é algo visível, não é preciso mostrar estatísticas para ilustrá-lo. Qual professor possui a motivação necessária para sair de casa e ir até a escola, dar aula para muitos que não estão interessados, com um material ruim, conviver diariamente com a violência e ainda ganhar uma miséria? Mas eu digo, há sim aqueles professores que encontram a motivação, e estes são verdadeiros heróis. Porque a culpa não é do professor, nem dos alunos, nem mesmo da própria escola. Por trás de tudo, há que tenha os interesses voltados para a precarização cada vez maior da escola pública, e que só tem a perder se ela começar a formar jovens bem informados, livres para pensar por si só, e dotados de um belo senso crítico. É aí que a coisa pega, porque serão estes jovens que, em número cada vez maior, irão contestar – e derrubar – cada sistema que oprime a população e o país. E estes não são poucos.