A Terra anda febril. Somente isso poderia explicar o aumento súbito da temperatura e a intensa quantidade de tremedeiras generalizadas. Mas a febre não é uma doença em si, mas sim um sintoma visível de um mal maior. O planeta necessita urgentemente de um médico intergaláctico, alguém que possa diagnosticar o problema e iniciar o tratamento.
Creio que muitos dos leitores já entenderam aonde quero chegar. A melhor cura para o planeta Terra talvez seja o pior dos pesadelos humanos: nossa erradicação. Dirão alguns que exagero nesta ideia, pois nosso comportamento não seria tão prejudicial assim para um mundo que possui bilhões de anos, tendo passado por incômodos muito maiores ao longo de sua existência. Mas será que os vírus possuem a noção de que eles podem encerrar a vida de seu hospedeiro? Talvez sim, e a solução para eles reside na capacidade de espalhar-se entre diversos organismos individuais. O pequeno ser humano, por sua vez, almeja conquistar o espaço e colonizar novos mundos. Inconscientemente sentimos que este é um planeta moribundo, então o melhor é já buscarmos a possibilidade de partir para outros.
Onde foi que nós erramos? Difícil dizer a esta altura, mesmo sendo possível hoje aferir algumas respostas. Por exemplo, a quantidade de poluentes lançados na atmosfera que contribem para o efeito estufa. Mas o fato é que nosso comportamento enquanto espécie é predatório por natureza. Na dificuldade de nos adaptarmos ao meio natural, por sermos fisicamente despreparados, moldamos o ambiente seguindo as vontades da civilização. E dá-lhe arrancarmos das entranhas e da superfície do planeta os elementos mais aprazíveis ao nosso sustento. Minérios, petróleo, madeira, compostos animais e água potável. E o que devolvemos em troca? Restos contaminados. Sujeira ambiental, na forma de lixo químico e detritos inaproveitáveis. Plástico, metais pesados e muito dióxido de carbono. Não é de se estranhar que este gigantesco organismo o qual habitamos esteja se sacudindo, tentando desesperadamente livrar-se destes filhos incômodos antes que eles consigam alcançar seus irmãos do Cosmo.