Vítima de roubo vai à Justiça para tomar os bens do ladrão
CI – Vai processar os políticos?
Ribeirão Preto recebe 65% menos investimentos em 2009
CI – E continua contratando!
EUA e França defendem mais sanções contra o Irã
Europeus criticam Brasil por dificultar sanções ao Irã
CI (2 em 1) – Que moral eles tem?
Taxa de homicídio no Rio em 2009 foi a menor da década
CI – Paulista com inveja de carioca.
Trânsito mortal para jovens e crianças
CI – Os adultos ficarão sozinhos.
Safra de soja avança e bate recorde de produtividade
CI – Variem a matriz alimentar!
Prisões cresceram 22% no Rio em 2009
CI – E as escolas?
Caçada a maníaco acaba na prisão de outro estuprador
CI – Menos mal.
Agergs vai apurar demora na volta da energia após apagões
CI – E a punição?
CI – Comentário Inconfidente
Lá estava Khaled em um ônibus viajando de Marrakech para Rabat quando uma turista loira gritou “Socorram-me subi no onibus em Marrocos”. Isso foi o gatilho que Khaled, filho de Hassan precisava para refletir sobre a miserabilidade da sua vida.
Vendo aquele mar de grãos de areia, o representante comercial de carnes exóticas (do tipo kebab) pensou até onde iria a subjetividade da existência da areia. Aquilo era areia ou uma população densa de pequeninos grãos que um dia foram gigantes rochas?
Khaled pensou o quão grande ele já foi. Já fora igual a rocha vulcânica que dominou o mundo bilhões de anos atrás, mas chorou quando percebeu o ponto que chegou: ouvir turistas loiras cinquentonas e gordas gritando palíndromos* (para quem não entendeu, leia “Socorram-me subi no onibus em Marrocos” da direita para a esquerda).
Eis que o sentido da vida nunca foi mais claro: o Universo nada mais é que um palíndromo. “A droga da gorda” (leia isso no sentido contrário também) acabara por ser todo o sentido da existência. Do pó viemos, para o pó voltaremos. Eis então, que Khaled enconstou a cabeça no banco do ônibus, começou a cochilar e sonhou com o excesso de palavras no cinema mudo…
*Palindromo: diz-se de palavra, frase ou verso que podem ser lidos da esquerda para a direita ou vice-versa, sem modificação de significado ou sentido
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Rapaz, mas que calor é esse? (indagado por algum transeunte aleatório de Ribeirão Preto)
Em Ribeirão Preto faz calor. Muito calor. Do tipo que faz pensar de quem foi a ideia esdrúxula de erguer um povoado dentro de um buraco quente deste jeito. Tudo bem, na época deve ter sido a melhor opção, e convenhamos que hoje em dia a cidade expandiu-se para muito além da cratera inicial (e continua quente). Mas o calor faz a gente perder um pouco do raciocínio, acontece. É curioso também pensar um pouco além sobre a localização geográfica de Ribeirão. Por exemplo, o fato de estarmos localizados bem em cima da principal área de recarga do aquífero Guarani. Dá vontade de pegar uma pá e cavar até alcançar o lençol freático, que deve estar bem fresquinho. E lá vai o Monge viajando de novo.
O que fazer com este calor? Vale lembrar que Ribeirão Preto já liderou o ranking das cidades brasileiras com o maior número de piscinas por habitante, porém não foi possível confirmar se a estatística ainda é válida. Talvez porque o Monge quis conferir pessoalmente a existência delas, inclusive medindo dados como tamanho, litragem e capacidade de comportar um churrasco ao seu redor. Não é necessário dizer que nem todos os proprietários aceitaram participar alegremente da pesquisa (nem mesmo quando o vinagrete e o arroz já estavam prontos). O que nos traz um problema prático essencial: a imensa maioria das piscinas está em propriedades particulares. E muitas vezes completamente sem uso, enquanto o cidadão comum derrete nas ruas escaldantes.
Engraçado que o conceito da piscina está a um passo de se tornar politicamente incorreto, visto a quantidade de água necessária para mantê-la funcional, água que hoje em dia é um recurso cada vez mais escasso. Pelo mesmo motivo, não recomendamos aos ribeirãopretanos calorentos as brincadeiras aquáticas alternativas (mangueira de jardim, fontes e bebedouros públicos, guerra de bexigas d´água). Ao invés disso, busquemos outras maneiras de, se não livrar-se completamente, ao menos disfarçar o incômodo das altas temperaturas.
Visualize o frio. Quando estiver dentro do carro ou do ônibus, preso no agradável trânsito das 2 horas da tarde, imagine que ali é o Pólo Sul, e que você está rumando junto a uma expedição para fotografar os pinguins imperadores. Mas cuidado para não imaginar-se usando um daqueles capotes de pele, 20 quilos só de roupa, pois a sensação pode ser pior ainda. Ao invés disso, imagine que você está no Pólo Sul sem roupa alguma. Completamente nu, a brincar e a nadar com os pinguins. Ou de trajes de banho, se você for demasiadamente tímido. Visualizou a sensação de frio que você teria? Pois bem, use-a para rebater a sensação real do calor insuportável.
O que mais? Gostaria de poder falar sobre os poderes refrescantes do vento, mas acontece que em Ribeirão só existe uma lufada de ar quente e poeirento que passeia pela cidade, tirando o sossego e o humor da gente. Mas há a chuva! Abençoada chuva, que refresca e transforma as vias públicas em piscinões de uso coletivo. O problema é saber quando ela vai cair, já que o clima torna-se cada vez mais imprevisível. Então, se estiver disponível (tanto ela quanto você mesmo), corra para tomar chuva. E ainda tem a grande vantagem de ser uma atividade aquática gratuita e que não desperdiça água, já que ela está caindo de qualquer jeito (pensando bem, irrigadores que já estão ligados são praticamente a mesma coisa…). Mas tome cuidado para não resfriar-se, por favor.
Por último, um dos conselhos mais versáteis que o Monge poderia dar: vista-se adequadamente. Vamos abolir da cidade o terno e gravata, o tailleur e todas as roupas de tecido e corte incompatíveis com o nosso clima. Não quer dizer que você precise ir a uma reunião de negócios de regata, shorts e chinelo de dedo. Mas uma camisa esporte, de tecido leve, uma bermuda jeans e uma sandália só vão melhorar o seu dia. Meninas, um vestidinho de algodão ou um conjunto básico de saia e blusa de alcinha, além de caírem muito bem em vocês, possuem o dom de transformar qualquer frescura em frescor. Pois num clima como o de Ribeirão Preto, vestir-se confortavelmente não é só comodidade, é pura necessidade.