Após a divulgação da lista de livros exigidos pela Fuvest e Unicamp, questionei-me: até quando vão usar certas obras literárias enfadonhas que causam mais indisposição do que inspiração nos alunos?
Algumas obras (não incluo o canonizado Machado de Assis, longe disso) chegam ao extremo de criar um sentimento de repulsa em parte dos alunos, de tal forma, que muitos deles sequer leem a segunda exigência da lista e, de quebra, nunca mais vão ler um clássico em suas vidas tamanha ojeriza (sentimento de má vontade, aversão – Houaiss) causada.
Outra crítica é sobre a ausência de um conteúdo que aborde de modo mais direto a política. Fica a impressão que a imposição desses livros é alienar as pessoas quanto à política, mesmo porque, ter mentes politizadas é a última coisa que uma determinada fatia da sociedade quer.
Na onda da alienação, criou-se um preconceito com certos autores, que chega a dar medo de abrir um livro deles e ter os olhos queimados pelo fogo eterno. Para citar um exemplo, temos Nicolau Maquiavel (1469-1527), que deu origem ao termo “maquiavélico”, onde é definido no dicionário Caldas Aulete: “Diz-se de indivíduo ardiloso, pérfido, possuidor de mente treinada em arquitetar friamente atos de má-fé”.
Será que toda a obra do escritor italiano, que por bem ou por mal, descreveu o alicerce da política como conhecemos se resume a um rótulo da mesquinhice? Sem mencionar que, quando falamos dele, há quem ache impossível de ler (sem nem mesmo nunca ter pego um na mão ou baixado na internet). Só a “aura” em volta não só dessa obra e desse autor, mas de outros que falam de política, é o suficiente para que boa parte dos alunos jamais cheguem perto de um e o coloquem na mesma classe de livros “que só vão trazer desgosto”.
Para comprovar: você, caso tenha terminado o ensino médio há mais de um ano, lembra do conteúdo dos clássicos que leu no colegial?
por Leonildo Trombela Junior