Joaquim Barbosa x Gilmar Mendes

 Posted by at 11:22 pm  T.I.
jan 202010
 

Ministro Gilmar Mendes – Portanto, após o voto do relator que rejeitava os embargos, pediu vista o ministro Carlos Britto. Eu só gostaria de lembrar em relação a esses embargos de declaração que esse julgamento iniciou-se em 17/03/2008 e os pressupostos todos foram explicitados, inclusive a fundamentação teórica. Não houve, portanto, sonegação de informação.
Min. Joaquim Barbosa – Eu não falei em sonegação de informação, ministro Gilmar. O que eu disse: nós discutimos naquele caso anterior sem nos inteirarmos totalmente das conseqüências da decisão, quem seriam os beneficiários. E é um absurdo, eu acho um absurdo.
Min. Gilmar Mendes – Quem votou sabia exatamente que se trata de pessoas…
Min. Carlos Ayres Britto – Eu já tinha votado.
Min. Joaquim Barbosa – Eu chamei a atenção de Vossa Excelência
Min. Carlos Ayres Britto – Não, mas eu já tinha votado por que havia compreendido uma classe toda de serventuários não remunerados.
Min. Joaquim Barbosa – Pois é, só que a lei, ela tinha duas categorias.
Min. Carlos Ayres Britto – Não apenas notários.
Min. Joaquim Barbosa – Mas a lei tinha duas categorias. Tinha uma vírgula que logo em seguida a citação de uma lei, qual era essa lei? A lei dos notários! Qual era a conseqüência disso? Incluir os notários no regime de aposentadorias de servidores
Min. Gilmar Mendes – Por que pagaram e por isso incluíram no regime de aposentadoria
Min. Joaquim Barbosa – Porque pagaram, ora, porque pagaram…
Min. Gilmar Mendes – Se Vossa Excelência julga por classe, esse é um argumento…
Min. Joaquim Barbosa – Não, eu sou atento às conseqüências da minha decisão, das minhas decisões. Só isso.
Min. Gilmar Mendes – Todos nós somos, Vossa Excelência não tem condições de dar lição a ninguém.
Min. Joaquim Barbosa – E nem Vossa Excelência. Vossa Excelência me respeite, Vossa Excelência não tem condição alguma. Vossa Excelência está destruindo a justiça desse país…
Min. Gilmar Mendes – Hahahahaha!
Min. Joaquim Barbosa – … e vem agora dar lição de moral em mim? Saia à rua, Ministro Gilmar, saia à rua! Faça o que eu faço. Vossa Excelência não tem condição alguuuuuuma. Não tem nenhuma condição.
Min. Gilmar Mendes – Eu estou na rua, ministro Joaquim.
Min. Joaquim Barbosa – Vossa Excelência não está na rua não, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do Judiciário brasileiro. É isso.
Min. Carlos Ayres Britto – Ministro Joaquim, vamos ponderar.
Min. Joaquim Barbosa – Vossa Excelência quando se dirige a mim não está falando com os seus capangas do Mato Grosso, ministro Gilmar. Respeite.
Min. Gilmar Mendes – Ministro Joaquim, Vossa Excelência me respeite.
Min. Joaquim Barbosa – Digo a mesma coisa …
Min. Marco Aurélio – Presidente, vamos encerrar a sessão?
Min. Joaquim Barbosa – … a mesma coisa!
Min. Marco Aurélio – Eu creio que a discussão está descambando para um campo que não se coaduna com a liturgia do Supremo.
Min. Joaquim Barbosa – Também acho. Falei. Fiz uma intervenção normal, regular. Essa reação brutal, como sempre, veio de Vossa Excelência.
Min. Gilmar Mendes – Não. Vossa Excelência disse que eu faltei aos fatos e não é verdade.
Min. Joaquim Barbosa – Não disse, não disse isso.
Min. Gilmar Mendes – Não é verdade. Vossa Excelência sabe bem que não se faz aqui nenhum relatório distorcido.
Min. Joaquim Barbosa – Não disse. O áudio está aí. Eu simplesmente chamei a atenção da Corte para as conseqüências da decisão e Vossa Excelência veio com a sua tradicional gentileza e lhaneza.
Min. Gilmar Mendes – Aaaaah, é Vossa Excelência que dá lição de lhaneza ao Tribunal. Está encerrada a sessão.

Colmeia – Willian Rodrigues

 Posted by at 11:20 pm  Sem categoria
jan 202010
 

A melhor maneira de apresentar alguém que pretende se tornar jornalista é seu texto. Como ele mesmo se define em seu blog, “Errante que caminha calmamente pelas calçadas e não se preocupa com as gotículas da chuva miúda, aspirante a poeta que se debruça sobre filosofia, nunca se julgando filósofo… Ponderante do devir que obeserva minúcias e sempre se atrasa por esquecer-se dos ponteiros.”
Willian Rodrigues, o único estagiário que ganha mais dos que os chefes. Ele não ganha nada e a gente ainda paga para trabalhar!

Colmeia

Vamos, vamos! Ponde-vos de pé trabalhadores!
Não importa se não pregaram vossos olhos de preocupação
Pois o sol nasceu e com ele a manhã do dia útil
Vinde! Servi-me em vosso dia inútil
Acabareis por esquecer Vossas dores!

Acordai, acordai operárias preguiçosas!
Trabalhai para uma sociedade que não cresce
Desfrutai a não misericórdia de uma rainha gorda e corrupta
Entre chacotas jaz o que não obedece!

Rápido, mais rápido! A rainha necessita de mais mel!
Ela já se encontra em espasmos
Após sentir tantos orgasmos

Mas Sua Majestade é insaciável!
Dá perdão jamais ao empecilho
Este padecerá na fome
Condenado a algum exílio

Ela deleita-se em vosso dinheiro
Que alega ser emprestado
“Eis tua realidade, pobre, eis tua vida”
“Sempre um dos assalariados”

Em coragem desesperada, venha tu reivindicar o que é teu!
Tal valentia revela-se em dia já tarde
“Afasta de minha presença tua encardida mediocridade!”
Decorridos já cem dias, o que era teu torna-se meu!

Ilícitos governantes da contradição
Mas governados são governados
“Quem dentre vós dirá que estão errados?”

Aqueles indefesos pequeninos ainda serão os que mais sofrerão
Penadas crianças agora adormecidas
Nem mesmo passa por Vossas imaginações divertidas
O quão amaldiçoada está tal geração

Em todas as terras
Finge terminada a negra escravidão
Mas os novos escravocratas não respeitam raça alguma
Desenrolado foi o tapete vermelho
“Saúdem a Nova Escravatura!”
de brancos, negros, de qualquer pobre na injúria

Andai! Trabalhai sob o som da chibata!
Para a desgraça caminha o que não obedece
Continuai o trabalho para uma monarca
Em prol de uma humanidade que nunca cresce!

De deuses à ratos

 Posted by at 11:17 pm  Crônicas, T.I.
jan 202010
 

(publicada originalmente na edição 3 – maio de 2009 – primeira quinzena)

A “supremacia” humana anda cada vez mais abalada no planeta. Não tratamos devidamente o planeta como um ser vivo que reage a cada ação de uma raça humana tão especicista (especicismo é uma doutrina de unidade racial evolutiva e predatória; algo como o nazismo, só que em nosso caso, engloba todos humanos sem exceção, onde o intuito é destruir ou subjugar todas as outras raças em nome de uma suposta liderança planetária).
Eis que nessas horas surge uma dúvida épica: Estamos sozinhos no Universo? Alguém nos salvará dessa catástrofe anunciada? Por onde essa liderança desastrosa nos levará?
A mediocridade humana não nos permite ir além dos próprios umbigos. Pobre limitação, há muito o que aprender…
Já pararam pra pensar que nossa espécie (assim como o planeta) pode ser um grande laboratório de experimentos de alguma raça extraterrestre?
Imagine um grande laboratório de estudos científicos, iguais aqueles onde usamos os pobres dos ratos para estudos médicos, cosméticos e biológicos em prol da nossa evolução (desde que eles, os ratos, sejam as cobaias). Uma espécie tão parecida geneticamente conosco que podemos testar desde remédios contra o mal de Alzheimer até comportamento cardíaco em longo prazo.
Talvez somos para eles (os aliens) o que os ratos são para nós: um ser semelhante geneticamente aos seus donos, que são ótimas cobaias para estudos e teorias de natureza… especicista.
Após essa suposição, provavelmente as primeiras perguntas que vêm a cabeça de todos  os leitores são: Mas por que não estamos cientes disso? Por que nenhum deles nos dá satisfações e ensinamentos sobre o vasto Universo?
Simples: Tente explicar a humanidade aos ratos de laboratório.

Leonildo Trombela Junior

jan 202010
 

(publicada originalmente na edição 3 – maio de 2009 – primeira quinzena)

Imagine-se no Rio de Janeiro no final da década de 50. Éder Jofre firmava-se no boxe, a disputa de Miss Brasil lembrava final de Copa do Mundo e Juscelino Kubitschek comandava o país. O Rio não era só glamour. Haviam enchentes e vários incêndios pela cidade. Eram tantos que a Rádio Continental era especialista em cobrir tais sinistros.
Uma diferença que existia à época era a cobertura dos fatos. Hoje em dia a espetacularização da mídia provoca “safras de crimes”. Eles ocorrem diariamente e de todos os tipos. Mas o que vale hoje em dia é a audiência e seu “crime da moda”.
Naquele Rio de Janeiro e todo seu contexto histórico surge um desses acontecimentos que entram para a história pelos ingredientes trágicos que o temperam.
Numa época em que o punguista (batedor de carteira) era o bandido temido, foi executado um crime passional que comoveu o País. Paixão, rejeição, ciúmes, traição, frieza e a paciência em atingir um objetivo. “Fera da Penha”, como ficou conhecida Neyde Maria Lopes, matou com cruel requinte a filha de seu amante Antônio, motorista de caminhão casado com Dona Nilza e pai da pequena Tânia, vítima de seu deslize conjugal.
Saulo, com perícia e sagacidade, chegou à dona Nilza e posteriormente a Antônio antes da polícia. Aberta a informação para o delegado, obteve preferência na cobertura. Permaneceu dentro da delegacia para onde fora levada Neyde na condição de testemunha pelo contato que havia feito com o casal. Apesar dos protestos de quem ficara de fora e não pode presenciar o depoimento de perto.
Após uma espera de mais de 12 horas de depoimento, havia quem pedisse um “tratamento” especial para que a Fera confessasse.  Não precisou. Saulo teve a chance de conversar com Neide, à sós. Bastaram alguns minutos e a “Fera” morreu pela boca.

Saulo Gomes, 81 anos, repórter investigativo. Há mais de meio século cobrindo a história do Brasil.